Exposição Coletiva
27 artistas. 27 obras. 27 perspetivas em torno de uma bica.
Inaugurada em 1905 em Lisboa, A Brasileira do Chiado foi considerada o primeiro museu de arte moderna da cidade e foi desde sempre um lugar de encontros de artistas. O seu fundador, Adriano Telles, era um homem das artes. Em 1925 encomendou a jovens artistas modernistas telas para decorar o café. As paredes receberam obras de Almada Negreiros, António Soares, Jorge Barradas, Bernardo Marques, Stuart Carvalhais, José Pacheko e Eduardo Viana, hoje consagrados, mas na época amplamente criticados pela comunidade artística, então muito conservadora.
Em 1971, novos artistas foram convidados e novas telas foram expostas no café.
No âmbito dos 100 anos da primeira geração de quadros, A Brasileira lançou, em 2024, um prémio de pintura destinado a promover os novos valores no domínio das artes visuais, desafiando artistas nacionais. Os dez quadros vencedores foram colocados n’A Brasileira e os autores das restantes obras, igualmente meritórias, foram convidados a expor os seus quadros no Museu do Pão, que tem com A Brasileira um vínculo de proximidade pelos valores da arte e da cultura que ambos partilham e que teve um feliz início quando, em 2021, o Museu do Pão adquiriu em leilão 2 objetos pessoais de Fernando Pessoa: a sua escrivaninha, que está em exposição no Museu do Pão, e os seus óculos, que cedeu à Brasileira, e que os expôs numa vitrine do café para poderem ser admirados e sonhados.
A riqueza desta exposição coletiva que reúne 27 quadros está justamente na multiplicidade de abordagens dos seus autores. Muitos trouxeram para a tela traços dos seus artistas de eleição, outros deixaram vincada a ligação de Fernando Pessoa com o café que frequentava, e outros ainda seguiram livremente a sua inspiração com pinceladas espontâneas e diferentes narrativas.
27 artistas, todos portugueses, perpetuam nesta exposição a relação das artes com a comunidade. Porque como diria o mais universal dos nossos poetas, Fernando Pessoa, “a ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são.”